Há um ano atrás, era o dia dos pais.
Estava em Brasília, tempo seco, longas festas, inúmeras reuniões, entre amigas, as melhores.
Lembrei da data, pensei em ligar, estava chapada, um pouco bêbada, talvez percebessem, exitei.
Há um ano atrás era o dia dos pais.
Na sala, vídeo-games, diversos artifícios, salgadinhos, cervejas, barulho, muito barulho. Era o dia dos pais.
Fui à varanda, tranquei a porta. Fiz um interurbano, liguei a cobrar, musiquinha tocou, deu um aperto sim, bobagem, voltaria na semana que vem. Mas, era o dia dos pais.
Ela atende, falo algumas coisas poucas sobre o clima, sobre o cancelamento da reunião com a ministra, turbulências do vôo, nunca tínhamos muito assunto a conversar, e ela então passa pra ele, como sempre preocupado, há algum tempo achava tudo muito perigoso. Brasília, Rio Janeiro, São Paulo, não importava, era tudo muito perigoso. Desejei o de sempre, não me cabia dizer muitas coisas, do outro lado da porta, música, jogos, bebidas, algumas coisas me esperavam. Era o dia dos pais, e com um afeto singelo, tímido, dei uma pausa nas felicitações e me despedi, disse que voltaria na próxima segunda, mas troquei o vôo, como de costume, não voltei. Antes de desligar pensei ainda em dizer algo, em ser verdadeira, em me deixar ser filha, mas a minha racionalidade em saber que era um dia comercial, que foi feito para que pessoas comprassem e gastassem e..e..e(..)
Como sempre, a minha racionalidade, a filha da puta da minha racionalidade me fez dizer, Adeus, Até semana que vem.
Ele então, não insistiu, desligou. Sem presentes, sem presença, apenas um breve, até semana que vem.
Era o dia dos pais, o último!
terça-feira, 4 de agosto de 2009
Ainda me sinto frágil.
Essa noite me veio cada detalhe daquele dia terrível, seu corpo frágil, sua involutariedade, a submissão, o fim.
Eu admirava o seu orgulho, repugnava sua violência, mas desde cedo entendi a sua forma de se fazer ser respeitado. Isso era importante né? Pra mim também.
Saudades viu? Eu queria você hoje, sua preocupação, sua atenção, suas perguntas, suas visões, os seus bilhetes em cima da mesa, na porta do quarto...
É sofrido viu? Lembrar da verticalidade, dos aparatos, daquele odor. De verdade, eu não queria estar lá, não gostaria de ter essas lembranças, não mesmo. Mas, as tenho. Vezes ou outra as tenho.
Amanhã te visitarei. Levarei flores.
Eu te amo, cara! Vai ser pra sempre.
Essa noite me veio cada detalhe daquele dia terrível, seu corpo frágil, sua involutariedade, a submissão, o fim.
Eu admirava o seu orgulho, repugnava sua violência, mas desde cedo entendi a sua forma de se fazer ser respeitado. Isso era importante né? Pra mim também.
Saudades viu? Eu queria você hoje, sua preocupação, sua atenção, suas perguntas, suas visões, os seus bilhetes em cima da mesa, na porta do quarto...
É sofrido viu? Lembrar da verticalidade, dos aparatos, daquele odor. De verdade, eu não queria estar lá, não gostaria de ter essas lembranças, não mesmo. Mas, as tenho. Vezes ou outra as tenho.
Amanhã te visitarei. Levarei flores.
Eu te amo, cara! Vai ser pra sempre.
sexta-feira, 17 de julho de 2009
sábado, 4 de julho de 2009
Militante feminista e publicitária. Eis a contradição?
É muito comum pensar e bem verdade dizer que os profissionais da área de publicidade e propaganda, sobretudo os que trabalham para grandes empresas, são em partes responsáveis pela propagação de idéias e ações que reforçam os esteriótipos, o preconceito, que tornam sentimentos vendíveis, qualidades compráveis e utilizam de forma bastante inteligente, vale ressaltar, o imaginário das pessoas para que aceitem tal produto, tal serviço, tal empresa, como a tal.
Uma vez percebendo e vivenciando essa manipulação publicitária, que se faz como uma vertente bastante lucrativa dos interesses capitalistas midiáticos, o movimento feminista e de mulheres vem pautando em suas agendas, o combate a ações como estas, que implicam diretamente, no combate a publicidade, em seu formato como se apresenta atualmente.
E este então se faz como o motivo da minha inquietação diária, em estar em uma posição de feminista e publicitária. Segundo orientações da academia, uma ou um profissional de publicidade e propagando estar apto a desenvolver suas habilidades criativas e estratégicas em prol do comércio. Publicidade é a alma do negócio, dizem os estudiosos sobre publicidade, outros afirmam que, o humor e o lúdico na publicidade, abrem corações e bolsos.
Diante de uma questão tão delicada sobre o prazer de criar, de exercer nossas habilidades produtivas, ações fundamentais na publicidade e combater o machismo, a homolesbofobia, os esteriótipos e outras ações fundamentais dentro do feminismo. Cabe a mim e a outros tantos profissionais utilizarem da publicidade e propaganda para assim, propagarem idéias de uma outra forma de viver, de comprar, de consumir, de ser e estar.
Acredito que durante muito tempo o comunicar-se esteve à margem dos movimentos sociais e hoje enxergamos essa necessidade de fazermos parte desta comunicação, do contra ponto as grandes empresas midiáticas, da inserção quando necessária, das formas alternativas de comunicação, do domínio da linguagem e da utilização inclusive da publicidade e propaganda como ferramenta de uso em ações e campanhas protagonizadas pelo movimento feminista e de mulheres. Dessa forma amenizo a crise ou a contradição entre o ser feminista e o ser publicitária, enxergando e viabilizando uma maior relação entre ambas, de forma que utilizemos a publicidade e propaganda como uma forte aliada nas nossas questões feministas.
Produções áudio-visual, campanhas elaboradas, estudo de público, utilização de banners, cartazes, panfletos, podem ser ferramentas importantíssimas na propagação dos ideais feministas, se assim for, sem mais crises.
Uma vez percebendo e vivenciando essa manipulação publicitária, que se faz como uma vertente bastante lucrativa dos interesses capitalistas midiáticos, o movimento feminista e de mulheres vem pautando em suas agendas, o combate a ações como estas, que implicam diretamente, no combate a publicidade, em seu formato como se apresenta atualmente.
E este então se faz como o motivo da minha inquietação diária, em estar em uma posição de feminista e publicitária. Segundo orientações da academia, uma ou um profissional de publicidade e propagando estar apto a desenvolver suas habilidades criativas e estratégicas em prol do comércio. Publicidade é a alma do negócio, dizem os estudiosos sobre publicidade, outros afirmam que, o humor e o lúdico na publicidade, abrem corações e bolsos.
Diante de uma questão tão delicada sobre o prazer de criar, de exercer nossas habilidades produtivas, ações fundamentais na publicidade e combater o machismo, a homolesbofobia, os esteriótipos e outras ações fundamentais dentro do feminismo. Cabe a mim e a outros tantos profissionais utilizarem da publicidade e propaganda para assim, propagarem idéias de uma outra forma de viver, de comprar, de consumir, de ser e estar.
Acredito que durante muito tempo o comunicar-se esteve à margem dos movimentos sociais e hoje enxergamos essa necessidade de fazermos parte desta comunicação, do contra ponto as grandes empresas midiáticas, da inserção quando necessária, das formas alternativas de comunicação, do domínio da linguagem e da utilização inclusive da publicidade e propaganda como ferramenta de uso em ações e campanhas protagonizadas pelo movimento feminista e de mulheres. Dessa forma amenizo a crise ou a contradição entre o ser feminista e o ser publicitária, enxergando e viabilizando uma maior relação entre ambas, de forma que utilizemos a publicidade e propaganda como uma forte aliada nas nossas questões feministas.
Produções áudio-visual, campanhas elaboradas, estudo de público, utilização de banners, cartazes, panfletos, podem ser ferramentas importantíssimas na propagação dos ideais feministas, se assim for, sem mais crises.
Homens x cultura e prazer
Remetendo-me a estudos e teorias sobre gênero, me lanço a uma análise mais subjetiva no que chamo de relação homem x cultura e prazer. Se nos inclinarmos a um olhar um pouco mais minucioso sobre a grande tendência cultural popular, ou a ausência dela, nos deparamos com sons, imagens e idéias de que sempre o prazer ou bem estar dos homens, nesse caso em sua grande maioria, o sexual, está diretamente ligado ao corpo, a sensualidade, e a vivência da sexualidade das mulheres.
Se nos voltarmos a analisar as músicas, publicidades e as produções midiáticas, encontraremos intrinsecamente ou não, a idéia de que as relações sexuais entrelaçadas a cervejas e carros importados garante aos homens, o bem estar pleno, uma espécie de prestígio entre os que compartilham com ele, desse imaginário machista, ou chamaria eu, ousadamente de baixa – estima masculina.
Sim, porque a partir do momento que se projeta o seu bem – estar pessoal a outras pessoas, ou nesse caso a apenas uma ação, o sexo, poderá em um alto grau ser considerado como ausência de estima a si mesmo, neste caso, construída pelo sistema machista que os fazem pensar que somente coisificando ou idealizando o poder sobre o corpo das mulheres, se atinge o ponto máximo do “ser macho”, do “ser homem”.
Assim sendo, regida pelo capitalismo, a indústria de massa entendendo que essa idealização, esse senso comum masculino gera lucros, gera comércio, toma proveito para vender, mercantilizar, engarrafar e fixar esse ideal de projeção, contribuindo de forma direta para que muitas mulheres sejam vítimas de atitudes irracionais de seus companheiros ou ex companheiros que não respeitando a vontade destas mulheres, as causam violências, danos e até mesmo a morte, como nos casos, que se tornaram tão corriqueiros, e que neste ano foram massivamente pautados pela mídia.
Dessa forma alerto para uma reflexão não só sobre o machismo e suas conseqüências na vida dos homens e, sobretudo das mulheres, mas para uma análise psicosocial sobre prazer, sobre bem-estar e principalmente sobre esses processos culturais que estamos consumindo e está nos consumindo diariamente.
Se nos voltarmos a analisar as músicas, publicidades e as produções midiáticas, encontraremos intrinsecamente ou não, a idéia de que as relações sexuais entrelaçadas a cervejas e carros importados garante aos homens, o bem estar pleno, uma espécie de prestígio entre os que compartilham com ele, desse imaginário machista, ou chamaria eu, ousadamente de baixa – estima masculina.
Sim, porque a partir do momento que se projeta o seu bem – estar pessoal a outras pessoas, ou nesse caso a apenas uma ação, o sexo, poderá em um alto grau ser considerado como ausência de estima a si mesmo, neste caso, construída pelo sistema machista que os fazem pensar que somente coisificando ou idealizando o poder sobre o corpo das mulheres, se atinge o ponto máximo do “ser macho”, do “ser homem”.
Assim sendo, regida pelo capitalismo, a indústria de massa entendendo que essa idealização, esse senso comum masculino gera lucros, gera comércio, toma proveito para vender, mercantilizar, engarrafar e fixar esse ideal de projeção, contribuindo de forma direta para que muitas mulheres sejam vítimas de atitudes irracionais de seus companheiros ou ex companheiros que não respeitando a vontade destas mulheres, as causam violências, danos e até mesmo a morte, como nos casos, que se tornaram tão corriqueiros, e que neste ano foram massivamente pautados pela mídia.
Dessa forma alerto para uma reflexão não só sobre o machismo e suas conseqüências na vida dos homens e, sobretudo das mulheres, mas para uma análise psicosocial sobre prazer, sobre bem-estar e principalmente sobre esses processos culturais que estamos consumindo e está nos consumindo diariamente.
segunda-feira, 18 de maio de 2009
E sobra esse gosto doce.
E eu nunca entederei o porquê dessa fulga constante, o porquê dessa superficialidade. Tem lá suas vantagens, mas quando a chuva cai, quando o barulho do vento bate na janela, a gente pensa se isso tudo vale a pena. Não importa, por mais que eu queira, que eu deseje, algo me lança pra longe, quisera eu.
Desejar,
desde já!
Não sei se consigo ser diferente, desacredito a cada lembrança que tenho de situações interrompidas, do medo que te faz devolver o sonho para o lugar em que ele foi planejado, e ele fica lá, esperando a gente acreditar novamente. Tornar real? Minha vida nada mais é que um emaranhado de pendências.
E permanece esse gosto doce e as amargas lembranças que fazem as lágrimas caírem desenfreadas. Eu não sei, por mais forte que seja eu, não estava preparada a te perder, para sempre.
Mais lágrimas, dessa vez pelos teus sonhos que também nunca foram concretizados, pelas tuas vontades, pelos teus anseios que eram poucos, que eram breves e que mesmo assim não pudesse ver ou experimentá-los como merecia. Lágrimas pela tua pouca vontade, meu caro.
Por Que? Se a vida é feita de expectativas.
Ao menos tinha a tua liberdade. Viveste bem a tua rebeldia.
Prometo me deter sempre a boas lembranças e quando as lágrimas decidirem por caírem, também terão o direito a rebeldia.
E esse gosto doce?
E eu nunca entederei o porquê dessa fulga constante, o porquê dessa superficialidade. Tem lá suas vantagens, mas quando a chuva cai, quando o barulho do vento bate na janela, a gente pensa se isso tudo vale a pena. Não importa, por mais que eu queira, que eu deseje, algo me lança pra longe, quisera eu.
Desejar,
desde já!
Não sei se consigo ser diferente, desacredito a cada lembrança que tenho de situações interrompidas, do medo que te faz devolver o sonho para o lugar em que ele foi planejado, e ele fica lá, esperando a gente acreditar novamente. Tornar real? Minha vida nada mais é que um emaranhado de pendências.
E permanece esse gosto doce e as amargas lembranças que fazem as lágrimas caírem desenfreadas. Eu não sei, por mais forte que seja eu, não estava preparada a te perder, para sempre.
Mais lágrimas, dessa vez pelos teus sonhos que também nunca foram concretizados, pelas tuas vontades, pelos teus anseios que eram poucos, que eram breves e que mesmo assim não pudesse ver ou experimentá-los como merecia. Lágrimas pela tua pouca vontade, meu caro.
Por Que? Se a vida é feita de expectativas.
Ao menos tinha a tua liberdade. Viveste bem a tua rebeldia.
Prometo me deter sempre a boas lembranças e quando as lágrimas decidirem por caírem, também terão o direito a rebeldia.
E esse gosto doce?
sexta-feira, 8 de maio de 2009
domingo, 12 de abril de 2009
México, 20 de Março de 2009.
E tudo ali era verdadeiramente Frida Khalo, cada cômodo em que eu percorria tinha os seus traços, a sua arte, a sua timidez exposta nos retratos em preto e branco, a sua paixão, a sua cultura, nos livros de seu acervo, ainda bastante conservados.
Caiu-me uma lágrima ao estar diante de sua cama. Sim, estive em seu quarto e diante do seu lugar de inspiração, seu leito de morte, pensei em tantas outras, que do rosto dela deve ter caído ali, de dor, de amor, de saudade!
Frida usava cadeiras de rodas, depois de seu acidente e estive diante dela também, porém ali não senti gritos de dores, nem lamentações, tinha força, movimento, se fazia como asas, para que pés? Nas tintas abertas, muitos tons de amarelo, muito vermelho, muita paixão. E no seu jardim, quantas flores bonitas, quantas maiores emoções, nostalgia.
Me senti próxima, me senti íntima.
Rua Londres, 247. Coyoacán, México.
E tudo ali era verdadeiramente Frida Khalo, cada cômodo em que eu percorria tinha os seus traços, a sua arte, a sua timidez exposta nos retratos em preto e branco, a sua paixão, a sua cultura, nos livros de seu acervo, ainda bastante conservados.
Caiu-me uma lágrima ao estar diante de sua cama. Sim, estive em seu quarto e diante do seu lugar de inspiração, seu leito de morte, pensei em tantas outras, que do rosto dela deve ter caído ali, de dor, de amor, de saudade!
Frida usava cadeiras de rodas, depois de seu acidente e estive diante dela também, porém ali não senti gritos de dores, nem lamentações, tinha força, movimento, se fazia como asas, para que pés? Nas tintas abertas, muitos tons de amarelo, muito vermelho, muita paixão. E no seu jardim, quantas flores bonitas, quantas maiores emoções, nostalgia.
Me senti próxima, me senti íntima.
Rua Londres, 247. Coyoacán, México.
Sra. advogada!
Lembranças eternas, por vezes doloridas, arrependidas, regadas a nostalgias de um amor que durou até o portão de embarque, até a última chamada. Que se desfacelou com o calor do Nordeste, que desabrochou antes da segunda primavera, que não resistiu a mudança de clima, que não durou até o último cigarro, que morreu antes de desfrutar - se da última taça de alguma bebida que nunca foi experimentada.
Assinar:
Postagens (Atom)