domingo, 28 de dezembro de 2008

A mentira, o eterno retorno.

O que é viver dentro da verdade? Em uma definição negativa é fácil dizer-se: é não mentir, não esconder, não dissimular nada. Depois que me conheci, vivi na mentira, não vos agrado em minha forma mais sincera e verdadeira de viver.
Viver dentro da verdade, não mentir nem para si nem para os outros, só seria possível se não houvesse o público, se vivêssemos sem ele, se fulgíssemos do rebanho. Mas, se há uma única testemunha de nossos atos, sendo ela talvez a nossa própria consciência, adaptamo-nos aos olhos que nos observam, e nada mais que fazemos é verdadeiro.
Ter um público, pensar no público é viver a mentira.
Não sofro por esconder-me, é uma das minhas formas de “viver a verdade”, a minha íntima verdade. Quem perde sua própria intimidade, perde tudo.
Menciono com desprazer André Breton, poeta e escritor francês quando diz que gostaria de viver “numa casa de vidro” onde nada é secreto e que está aberta a todos os olhares. Uma casa de vidro é refúgio de si mesmo, é mostrar-se para os outros e esconder-se de si. Tudo o que se é oferecido ao público como um alimento da verdade, ganha peso e torna-se um fardo.
Por que se ofendem e abominam a mentira, não refletem sobre as vossas variadas formas, impregnadas de crueldade da não aceitação das verdades?
Uma vez li que Jan Prochazka, um romancista tcheco que criticava a situação de seu país, a liberalização do comunismo que terminou com a invasão russa, teve logo depois da invasão toda a impressa da época a o perseguir. Os rádios da década de 70, não tinham uma outra transmissão a não ser as conversas particulares de Prochazka com professores universitários. Nenhum desses imaginava que existiam gravadores e violentadores da verdade entre os cigarros e taças de vinhos que intimamente compartilhavam.
Espelhada no exemplo de Jan Prochazka, me inclino ao pensamento de Kundera quando diz que o mundo transformou-se em um campo de concentração, e que esse campo de concentração é a aniquilação da intimidade, da vida privada. As pessoas vivem umas sobre as outras, sedentas de curiosidades e escravas das verdades das outras pessoas. Prochazka, que não estava protegido nem mesmo em casa, enquanto bebia e conversava com amigos estava aniquilado num campo de concentração. Do qual só podemos escapar com a tensão máxima de todas as nossas forças.
Malditos sejam os aniquiladores da intimidade e os escravos das verdades alheias, malditos os que se aglomeram na sede da destruição da vida privada.
Compreendo e sorrio dos que dissimulam e mentem ao expressar sua apreciação à verdade.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Flores tristes convertidas em palavras

Fragmentos dos escritos, aqueles que ainda permanecem em mim [!]

..."Parece um ataque neurastêmico. E, infelizmente, você está sendo focada pela minha loucura. Quero deixar claro que, a única coisa qu'eu não desejo a você, é vê-la sob minhas injúrias desenfreadas, meus julgamentos, meus devaneios imprecisos... como uma marionete.
em meio a essa empreitada, comecei a achar que você estava se expulsando voluntariamente de mim. Na verdade, criei todas as circunstâncias que corroborassem essa verdade concebida ou meramente criada, juntei peças de fatos ocorridos.
Acho que estou tentando criar para mim um motivo para não deixar nosso convívio seguir seu curso e, com meu clássico e doentio receio de me apegar aos outros, acho também que quero que o motivo seja tal que me faça sentir-me vítima, e não cupada; que me faça, sobremaneira, não ver as coisas como se mostram latentemente, e com vivacidade. Perdê-la seria horrível!

P.S.: Estou predendo minhas lágrimas. Queria muito teu abraço agora"

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Ser de gêmeos...

Foto: Lilla, a geminiana em linhas afetivas da pele. por Sandoval Fagundes


A minha constante inconstância,
reconstrói o meu "em si" e aliado a minha vontade e a minha necessidade de mudança...
desconstrói o meu "em si". Me faz ser uma diferente a cada dia, não me define, e não me cansa.
Me faz transparecer a beleza que se esconde por trás de sentir prazer, em experimentar possibilidades.

domingo, 30 de novembro de 2008

A menina dos dias frios

Rua Augusta, por Fê Grigolin

Ainda lembro da menina dos dias
frios, naquela cidade fria.
lembro do cigarro e do sorriso antes de dormir,
das doses duplas de conhaque,
do sair depressa para não perder o horário,
dos bilhetes de metrô e do jantar
sem sobremesa, embalado a boa música.
Lembro de seu nome, de seu rosto.
o último, o beijo de feliz aniversário!
Voltei lá, e não a encontrei.

Canção de Primavera


Imagino se eu pudesse atingir
o alto daquela montanha distante,
Onde o Sol se esconde.
Não me perderia naqueles vales
Cheios de sombras pensativas
Minha alma aí mergulha e se perde
Me abandono por completo.
Deixando-me impregnar de um sentimento
Maravilhoso, Sublime...
A tua amizade,
Uma bela parte do meu jardim de primavera.
a Giovanna, para sempre Core Mio

sábado, 29 de novembro de 2008

Azul.

Foto (inspiradora): Tainá, a leonina.
Da sensibilidade que surge em meio aos meus olhos, nem sempre tão vermelhos.
Recordo um turbilhão de sentimentos, que se concretiza entre eu e diversas outras.
Identificações, afeto, alegria, liberdade, feminismos, lesbianidade, segurança, vontade, bem estar [...]
Assim surge o eu e o colorido que é você, tornando-se visível o prazer de lhe sentir sob a forma da cor azul, que fala por si só.

O beijo do vento

Percebo a vida, no movimento inconstante que
fazem as cortinas ao serem embaladas e tocadas
carinhosamente pelo vento.
Mas, e em mim? Há vida?
que vento me embala?
quem me toca carinhosamente?
Felizes são as cortinas.