sexta-feira, 17 de julho de 2009

sábado, 4 de julho de 2009

Militante feminista e publicitária. Eis a contradição?

É muito comum pensar e bem verdade dizer que os profissionais da área de publicidade e propaganda, sobretudo os que trabalham para grandes empresas, são em partes responsáveis pela propagação de idéias e ações que reforçam os esteriótipos, o preconceito, que tornam sentimentos vendíveis, qualidades compráveis e utilizam de forma bastante inteligente, vale ressaltar, o imaginário das pessoas para que aceitem tal produto, tal serviço, tal empresa, como a tal.

Uma vez percebendo e vivenciando essa manipulação publicitária, que se faz como uma vertente bastante lucrativa dos interesses capitalistas midiáticos, o movimento feminista e de mulheres vem pautando em suas agendas, o combate a ações como estas, que implicam diretamente, no combate a publicidade, em seu formato como se apresenta atualmente.

E este então se faz como o motivo da minha inquietação diária, em estar em uma posição de feminista e publicitária. Segundo orientações da academia, uma ou um profissional de publicidade e propagando estar apto a desenvolver suas habilidades criativas e estratégicas em prol do comércio. Publicidade é a alma do negócio, dizem os estudiosos sobre publicidade, outros afirmam que, o humor e o lúdico na publicidade, abrem corações e bolsos.

Diante de uma questão tão delicada sobre o prazer de criar, de exercer nossas habilidades produtivas, ações fundamentais na publicidade e combater o machismo, a homolesbofobia, os esteriótipos e outras ações fundamentais dentro do feminismo. Cabe a mim e a outros tantos profissionais utilizarem da publicidade e propaganda para assim, propagarem idéias de uma outra forma de viver, de comprar, de consumir, de ser e estar.

Acredito que durante muito tempo o comunicar-se esteve à margem dos movimentos sociais e hoje enxergamos essa necessidade de fazermos parte desta comunicação, do contra ponto as grandes empresas midiáticas, da inserção quando necessária, das formas alternativas de comunicação, do domínio da linguagem e da utilização inclusive da publicidade e propaganda como ferramenta de uso em ações e campanhas protagonizadas pelo movimento feminista e de mulheres. Dessa forma amenizo a crise ou a contradição entre o ser feminista e o ser publicitária, enxergando e viabilizando uma maior relação entre ambas, de forma que utilizemos a publicidade e propaganda como uma forte aliada nas nossas questões feministas.

Produções áudio-visual, campanhas elaboradas, estudo de público, utilização de banners, cartazes, panfletos, podem ser ferramentas importantíssimas na propagação dos ideais feministas, se assim for, sem mais crises.

Homens x cultura e prazer

Remetendo-me a estudos e teorias sobre gênero, me lanço a uma análise mais subjetiva no que chamo de relação homem x cultura e prazer. Se nos inclinarmos a um olhar um pouco mais minucioso sobre a grande tendência cultural popular, ou a ausência dela, nos deparamos com sons, imagens e idéias de que sempre o prazer ou bem estar dos homens, nesse caso em sua grande maioria, o sexual, está diretamente ligado ao corpo, a sensualidade, e a vivência da sexualidade das mulheres.

Se nos voltarmos a analisar as músicas, publicidades e as produções midiáticas, encontraremos intrinsecamente ou não, a idéia de que as relações sexuais entrelaçadas a cervejas e carros importados garante aos homens, o bem estar pleno, uma espécie de prestígio entre os que compartilham com ele, desse imaginário machista, ou chamaria eu, ousadamente de baixa – estima masculina.

Sim, porque a partir do momento que se projeta o seu bem – estar pessoal a outras pessoas, ou nesse caso a apenas uma ação, o sexo, poderá em um alto grau ser considerado como ausência de estima a si mesmo, neste caso, construída pelo sistema machista que os fazem pensar que somente coisificando ou idealizando o poder sobre o corpo das mulheres, se atinge o ponto máximo do “ser macho”, do “ser homem”.

Assim sendo, regida pelo capitalismo, a indústria de massa entendendo que essa idealização, esse senso comum masculino gera lucros, gera comércio, toma proveito para vender, mercantilizar, engarrafar e fixar esse ideal de projeção, contribuindo de forma direta para que muitas mulheres sejam vítimas de atitudes irracionais de seus companheiros ou ex companheiros que não respeitando a vontade destas mulheres, as causam violências, danos e até mesmo a morte, como nos casos, que se tornaram tão corriqueiros, e que neste ano foram massivamente pautados pela mídia.

Dessa forma alerto para uma reflexão não só sobre o machismo e suas conseqüências na vida dos homens e, sobretudo das mulheres, mas para uma análise psicosocial sobre prazer, sobre bem-estar e principalmente sobre esses processos culturais que estamos consumindo e está nos consumindo diariamente.